Quanto mais mulheres em cargos de liderança, melhores os resultados financeiros de uma empresa. Essa afirmação poderia ser senso comum, mas é um caso de negócio confirmado em um relatório publicado pela Organização Internacional do Trabalho (OIT), agência da ONU.

E uma das faces da liderança feminina se mostra no empreendedorismo. Uma em cada seis mulheres em todo o mundo tem a intenção de começar um negócio em um futuro próximo. A ambição de se tornar uma empreendedora é mais alta em países de menor renda, como o Brasil. Há, ainda, grande diferença entre as jornadas de empreendedores negros e não negros.

Mas qual o motivo – e por que nem tudo são flores na jornada das empreendedoras?

Uma pesquisa de 2023 realizada pelo Instituto Rede Mulher Empreendedora apontou que as mulheres que lideram o próprio negócio têm, principalmente, entre 30 e 45 anos e estudaram até o ensino médio. Nesse cenário, mais da metade (55%) das empresárias ouvidas iniciaram seus negócios por necessidade: como consequência de baixa escolaridade, baixo rendimento financeiro ou após a maternidade, por exemplo.

Dados sobre o perfil da mulher empreendedora no Brasil: 82% são mulheres negras, 70% são mães e mais de 50% têm filhos acima dos 18 anos.

Nós conversamos com três empreendedoras que fazem parte da rede do Google for Startups, iniciativa do Google que conecta pessoas, produtos e melhores práticas para ajudar no sucesso de startups. As fundadoras mostram, a partir da experiência delas, como foi a jornada até aqui e o que fazer para apoiar mais mulheres no empreendedorismo, em especial na área de tecnologia. Leia abaixo.


Nohoa Araújo, fundadora e CBO da Creators LLC, é retratada em preto e branco dos ombros para cima, com um círculo amarelo no fundo. Ela é uma mulher negra e tem cabelos cacheados e curtos; ela usa uma camiseta escura e dá um sorriso.

Criando uma comunidade de mulheres empreendedoras

Aqui na Creators, criamos uma tecnologia proprietária que promove a diversidade de grupos sub-representados, incluindo nichos autodeclarados pelos próprios creators, como indígenas, asiáticos, negros, mulheres, pessoas 50+, PcD e pessoas gordas, gerando mais oportunidades para esses grupos e uma coleta de dados mais precisos sobre a diversidade real estampada nas estratégias de comunicação.

Venho de uma carreira corporativa no marketing até ser picada pelo bichinho da startup, e foi amor à primeira vista. Mas a cadeira de fundadora é bem diferente da de especialista. Como mulher preta, tinha apenas o conhecimento básico necessário para trabalhar na área de marketing – o que não é o mesmo que ter um negócio baseado em tecnologia. É uma lógica muito mais aprofundada.

Consegui fazer mentorias com especialistas para entender mais de produto, tecnologia e modelo de negócios, e foi quase um MBA. Uma das coisas que me encantou muito no ecossistema de startups é que existe um acordo universal de retribuição [essa filosofia é conhecida como “give back”]. Sempre contamos com o auxílio de mentores, investidores-anjo e advisors, mas também de outros fundadores que já passaram por essas experiências. Fui muito ajudada no início, então foi um presente ter a oportunidade de ser mentora também.

A Creators LLC é uma plataforma para gerir e metrificar campanhas de marketing de influência, e monetizar criadores.

Juliana Amorim, fundadora da Croct,  é retratada em preto e branco dos ombros para cima, com um círculo amarelo no fundo. Ela tem pele clara e cabelo escuro, veste uma camiseta escura e dá um sorriso.

Abrindo caminho para mais mulheres na tecnologia

Se encontrar desenvolvedoras mulheres já é difícil, imaginem fundadoras de startups de tecnologia. Sou do time que acredita que a inteligência artificial não vai acabar com o trabalho dos profissionais de marketing, e sim potencializar os resultados daqueles que a adotarem. Vejo a IA como uma ferramenta que dá superpoderes ao time de growth da mesma forma que as ferramentas de automação de marketing mudaram esse mercado décadas atrás.

Fundei a Croct com o Marcos, e o produto nasceu de uma dor que nós dois vivemos juntos quando trabalhamos em uma startup — ele como CTO, eu como CMO. E o meu primeiro desafio foi mostrar para investidores que, apesar de ter um cofundador técnico homem ao meu lado, ele não era o único cérebro do produto. Precisei lidar com ceticismo, trabalhar duro para contornar a falta de confiança e mostrar que, sim, eu tenho domínio do assunto e podemos conversar de igual para igual.

Reconheço que sou privilegiada por ter acesso a uma rede de apoio muito grande e continuo acompanhando trajetórias difíceis de mulheres que, diferentemente de mim, não tiveram esse privilégio. Metade do time e dos parceiros da Croct é composto por mulheres. Já participamos de muitos programas que prezam pela diversidade e inclusão, e hoje faço parte de diversos grupos de empreendedoras e desenvolvedoras mulheres. Isso me ajuda muito a lidar com os desafios do mercado tech no dia a dia.

A Croct é uma plataforma de personalização de sites e testes AB, criada com foco em performance e developer experience.

Nara Iachan, fundadora da Cuponeria,  é retratada em preto e branco dos ombros para cima, com um círculo amarelo no fundo. Ela tem pele e cabelo claros, veste uma blusa escura e dá um sorriso.

Errar, aprender e recomeçar é sempre mais fácil com uma rede de apoio

Quando comecei a empreender, este era um mercado que praticamente só tinha homens. Eu tinha 20 anos e muito pouca experiência de trabalho, e começar uma empresa do zero foi um grande desafio. A jornada empreendedora é cheia de altos e baixos e, muitas vezes, parece que tudo está dando errado, principalmente no início. Acabei aprendendo muito na prática, e lidar com a pressão e adversidades ainda tão jovem foi fundamental para o meu crescimento pessoal e profissional.

Para outras mulheres em posições semelhantes, meu conselho é que saibam que os altos e baixos serão constantes, aprendam a se perdoar pelos erros, tirem aprendizados deles, e busquem apoio em redes de mentoria e grupos de empreendedoras. Atualmente, tenho visto diversas iniciativas diferentes, como maior acesso a financiamento e recursos, programas de capacitação e mentoria específicos para mulheres e grupos de empreendedoras, e sei como são importantes.

O caminho ainda é muito longo pela frente, mas fico feliz de saber que hoje em dia essa preocupação existe, pois é assim que começa.

A Cuponeria Loyalty ajuda grandes empresas com soluções de Clubes de Benefícios, Marketplace e Gamification. Mais de 10 milhões de clientes dessas empresas utilizam a ferramenta mensalmente.

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